APOSTASIA
Apostasia é um termo originário do grego apóstasis (“estar longe de”), significando, para o cristianismo, a renúncia da fé daquele que já pertenceu à igreja de Cristo. Esta renúncia
pode ser declarada ou oculta (quando o apóstata declara ou não sua renúncia publicamente),
ostensiva (quando o apóstata passa a praticar, de forma evidente, os costumes seculares) ou discreta (quando o
apóstata continua praticando a moral e a ética aprendidas no cristianismo, embora já não professe a fé).
Poderíamos, ainda, diferenciar certas modalidades de apostasia:
- Apostasia intelectual: mudança de mentalidade que leva à rejeição dos fundamentos da fé cristã. Pode se dar por dúvidas e questionamentos sobre a verdade do Evangelho; por influência de filosofias e ensinos contrários à Bíblia; ou, mesmo, por adoção de outra religião.
- Apostasia prática: quando se mantem a crença em um “deus criador”, mas afasta-se das liturgias e da comunhão com a igreja; ou, ainda que mantenha frequência nas reuniões de cultos, não mais se exercita a fé na vida cotidiana.
- Apostasia moral: afastamento da fé cristã como forma de rebeldia contra Deus, desviando-se dos princípios éticos e morais ensinados na Bíblia.
Não se deve confundir apostasia com o afastamento de uma “igreja” (no contexto de instituição, de denominação evangélica). Por exemplo, os chamados desigrejados (pessoas que dizem continuar professando a fé cristã, mas sem fazer parte de uma “igreja”) não se considerariam apóstatas, pois, em tese, não renunciaram a fé. Há, também,
aqueles que dizem não se encaixarem em “igreja” alguma, mas reúnem-se, esporadicamente, numa e noutra, sem se
tornarem membros de nenhuma delas. Há os que, embora permaneçam na membrasia de uma “igreja”, tendem a
participar, de forma descompromissada, de poucas reuniões. São formas de afastamento da “igreja” que, em tese, não
se enquadram no conceito de apostasia.
Também não se pode confundir apostasia com ateísmo ou irreligião (pessoa que não pratica religião alguma). Apóstata não é aquele que nunca foi
cristão, mas, sim, aquele que já pertenceu à igreja, mas, em dado momento, passou a renunciar a fé. E apostasia não leva, necessariamente, ao ateísmo, pois a pessoa pode manter suas crenças sem uma fé prática.
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Diversas podem ser as causas da apostasia: falta de maturidade espiritual, desejo de conhecer mais dos ensinos seculares, pecados não tratados, dúvidas e questionamentos sobre Deus, medo de perseguições, vergonha do Evangelho perante a sociedade, falta de comunhão com a igreja de Cristo, desilusão com lideranças religiosas; até mesmo autoengano, por meio do qual a pessoa convence-se ser “cristã” quando, em seu coração, já se afastou de Deus.
Observe-se, contudo, como todas estas causas parecem decorrer de uma mesma raiz: a falta do exercício da fé. Uma vez que o Reino de Deus seja espiritual e tendamos a crer somente no que podemos ver e tocar, a fé deve ser exercitada constantemente, com leitura da Palavra, ações de graças, oração, comunhão com a igreja de Cristo e busca do conhecimento de Deus. O exercício da fé leva ao zelo pela santidade e pela busca à Deus. E, de fato, a fé nos encoraja a obedecer à Deus ainda que em meio às perseguições; a fé nos protege das doutrinas seculares, das dúvidas e dos questionamentos (E levem sempre a fé como escudo, para poderem se proteger de todos os dardos de fogo do Maligno - Efésios 6:16); a fé nos constrange a evitar o pecado; a fé fortalece nosso espírito e muda nossas convicções.
Em 1 Timóteo 4:1 lemos: Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.
Assim, conforme as Escrituras, a apostasia resulta
de ensinos enganosos que acabam tomando lugar no coração do cristão, ocasionando a renúncia de
sua fé. A Bíblia também diz que a apostasia é um dos sinais dos “últimos tempos” – o que não significa que seja uma
prática exclusiva dos tempos atuais. No Velho Testamento, o profeta Jeremias já alertava: A tua malícia te castigará, e
as tuas apostasias te repreenderão (Jeremias 2:19). Em Oséias 11:17, Deus advertiu: O Meu povo é
inclinado a desviar-se de Mim. Não bastasse, a Bíblia menciona diversos reis israelitas que se tornaram apóstatas, tais como Saul, Acabe e Jeroboão.
A humanidade tende a se afastar de Deus desde a queda. Porém, é notório que a apostasia tem sido muito frequente
nos dias de hoje. E, isso, em boa parte, devido às muitas “denominações evangélicas” que se valem de doutrinas enganosas em benefício de um pastor ou de uma instituição às custas de “fieis” carentes
de palavras agradáveis, levando muitos cristãos a renunciarem sua fé - especialmente depois que o engano é
percebido.
De fato, muitos são os que estejam dando ouvidos aos falsos líderes religiosos, que distorcem o significado das Escrituras para benefício pessoal ou da instituição, ou, até mesmo, por
ignorância e falta de preparo.
Nestes casos, a apostasia não parece acompanhada de renúncia da fé (pois o apóstata continua se considerando
“cristão”), mas é caracterizada pela fé depositada em um “deus” que aceita as práticas mundanas, que
não exige santidade dos salvos, que é serviente dos desejos humanos, que aceita todo tipo de heresia. Um “deus”, portanto, diametralmente oposto do Deus soberano
das Escrituras, que exorta que tomemos a nossa cruz e O sigamos (Mateus 16:24), renunciando ao pecado e à nossa
própria carne. É apostasia, pois resulta de ensinos enganosos e de doutrinas demoníacas, tal como descrito em 1 Timóteo 4:1.
Em Mateus 7:22-23, Jesus Cristo afirmou: Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
É possível, pois, que a apostasia sequer seja percebida. Isto é, o apóstata pode acreditar estar servindo à Deus, mas, pela prática de
iniquidades, está afastado Dele. E não são ouvidos muitos testemunhos de maravilhas sendo realizadas nas
“denominações evangélicas” de hoje? Paralíticos que, em tese, são curados; benções materiais inacreditáveis alcançando pessoas que ofertaram no “altar”; prodígios e maravilhas acontecendo após um “culto avivado”. Seria
possível um apóstata ou um falso líder religioso realizar maravilhas em nome de Jesus Cristo? Mateus 24:24 deixa claro
que sim: Porque aparecerão falsos profetas e falsos messias, que farão milagres e maravilhas para enganar, se possível,
até o povo escolhido de Deus.
Lembremos que Deus vê o coração dos homens e, não, propriamente, suas palavras e suas obras. De nada adianta se
declarar “cristão” quando não há temor ao Senhor. Se a pessoa deixou de
exercitar sua fé e, além disso,
seus frutos já não são do Espírito (amor, mansidão, domínio próprio e outros descritos em Gálatas 5:22-23),
possivelmente se tornou apóstata.
Em Jeremias 3:20, lemos: Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu companheiro, assim aleivosamente
te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor. A apostasia é comparada, pelo próprio Deus, ao casamento desfeito
por ato deliberado da esposa. Casamento este em que os nubentes firmaram entre si uma aliança que não poderia ser
desfeita, mas a noiva se afasta de seu noivo para praticar prostituição (no caso, idolatria).
Quão grave e danosa esta realidade!
Somos, portanto, encorajados a examinarmos nosso coração, nossas intenções e nossas práticas. E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de
glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia (Lucas 21:34). Pelos
frutos vos conhecerei (Mateus 7:16) - esta exortação de Jesus Cristo se aplicava diretamente aos falsos profetas, mas pode
ser considerada um convite para a auto-avaliação. Pois, se a pessoa exercita sua fé diariamente e seus frutos procedem do
Espírito (Gálatas 5:22-23), é muito provável que esteja salva. Porém, se os frutos são da carne (especialmente a prática
constante e deliberada do pecado), não serão suas obras e liturgias que a salvarão.
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Como você se encontra diante de Deus? Sente-se como uma ovelha desgarrada do aprisco de Cristo? Sente-se como o filho pródigo, que conhece o Pai eterno, mas se permitiu seduzir pelas promessas do mundo? Tem declarado a si mesmo um “cristão” pelo simples fato de congregar em alguma “igreja”, mas não tem exercitado sua fé fora dos cultos?
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto (Isaías 55:6). E o momento de invoca-Lo é agora! Não importa quanto tempo esteja "congregando" em alguma igreja, nem que exerça algum papel de liderança nela. Seu conhecimento bíblico pode ser notável e suas obras, irrepreensíveis. Mas aspectos exteriores e ostensivos não significam vida com Deus, que conhece o seu coração! Arrependa-se e creia no Evangelho (Marcos 1:15). E, crendo, exercite sua fé com perseverança e constância, sem esperar por um sentimento, por uma emoção, por um “toque espiritual” para declarar que Jesus Cristo é seu Senhor e seu Salvador. Exercite sua fé, com constante leitura da Palavra de Deus, oração, meditação e busca do conhecimento de Deus, comunhão com Cristo e ações de graças.
Mesmo aquele que está de pé cuide para que não caia (1 Coríntios 10:12). Vigiai e orai, pois o Inimigo nos rodeia como leão, procurando a quem possa devorar (1 Pedro 5:8). Perseveremos até o fim, pois temos como Senhor aquele que venceu o mundo: Jesus Cristo.
